Na semana passada falamos um pouco sobre compassos simples e compostos, e como existem formas diferentes de fazer música sem recorrer apenas ao “1 e 2 e 3 e 4”.
Hoje vamos dar uma olhada em compassos mistos e em músicas que misturam várias fórmulas de compasso. As músicas apresentadas neste post e no anterior estão compiladas também em uma playlist no Spotify.
Compassos mistos
Fórmulas de compasso mistas, como o nome sugere, indicam misturas de duas ou mais fórmulas de compasso simples ou compostas (por exemplo, 2/4 + 4/4). Como são misturas, sua acentuação é variável de acordo com como o compositor pensou em dividir as batidas.
As fórmulas de compasso apresentadas aqui são todas mais comuns em rock progressivo (e suas variantes, como o prog metal), jazz e música erudita mais contemporânea.
Vamos a alguns exemplos:
5/4
Acentuação: Pode ser uma mistura de 2/4 + 3/4 (1 – forte, 2 – fraco, 3 – forte, 4 – fraco, 5 – fraco), 4/4 + 1/4 (1 – forte, 2 – fraco, 3 – meio-forte, 4 – fraco, 5 – forte), essas somas ao contrário, entre outras
7/4
Acentuação: Pode ser uma mistura de 4/4 + 3/4 (1 – forte, 2 – fraco, 3 – meio-forte, 4 – fraco, 5 – forte, 6 – fraco, 7 – fraco), entre muitas outras
7/8
Acentuação: em geral, mistura 2/4 e 3/8 (compasso composto de 1 tempo), ou o inverso. Assim, temos: 1 (forte) e 2 (fraco) e 3 (forte) e e / 1 e 2 e 3 e e. Se usarmos sílabas para subdividir, seria algo como Taka Taka Takata.
Obs.: O vídeo a seguir tem algumas imagens fortes.
Fórmulas de compasso misturadas
Quanto mais complicada a fórmula de compasso, mais difícil fica encontrar uma música que faça uso apenas dela. A partir daqui, começa a ficar cada vez mais comum o uso de várias fórmulas diferentes.
Em outras palavras, o ritmo vira uma quebradeira total.
Começa em 7/8, vai pra 4/4 e tem várias trocas ao longo da música (às vezes 1 compasso só e já volta pra 4/4)
Alterna 9/8 misto (3/4+3/8) e 9/8 composto
Os versos e a ponte são em 4/4, porém o refrão mistura dois 7/4 e um 6/8. Apesar disso, a sonoridade é quase pop rock
Meio difícil falar desse assunto sem mencionar o Dream Theater, que mistura fórmulas de compasso em quase todas as músicas. Aqui, o riff inicial e boa parte do resto da música unem 7/8 e 3/4
Ok, já perdi a conta. Mas o Philip Glass é um dos maiores expoentes da música minimalista e sempre explora recursos rítmicos diferentes, então vale a audição!
Espero que esta pequena série de posts tenha te ajudado a ampliar seus horizontes rítmicos! Este e outros assuntos são abordados com mais profundidade no curso Teoria Musical para Compositores.
Você pode ir além e explorar misturas realmente obscuras aqui. Como mencionado no começo do post, eu também preparei uma playlist no Spotify com todas as músicas apresentadas nestes dois posts (ela é colaborativa, você pode acrescentar mais se quiser).
Dúvidas? Sugestões? Quer indicar outras músicas com essas doideiras rítmicas? Deixe nos comentários!
Ótimos posts!
Uma música para se colocar na lista de se perder a conta: https://youtu.be/ZMbFu457jGs?t=3m48s
😀
Grande abraço!
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Legal!
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Sair do 4/4 normalzão é muito bom; principalmente matando Ordunalos no Deserto. 😉
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